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Coisas Minhas

Eu, depois de 76 dias!

Ontem voltei ao escritório e vou ficar lá os 5 dias desta semana.

Depois volto no dia 15 para mais 5 dias. E depois no dia 29 para mais 5 dias. Os outros dias vou trabalhar remotamente. E vai ser assim este mês e talvez o próximo.

Foi um regresso à quase normalidade. Estava com saudades da minha rotina, mas queria desabafar convosco o que foi para mim os 76 dias de quarentena. Ou quase 76 dias já que fui algumas vezes ao escritório ver o correio e tratar de tarefas que fazem parte do meu trabalho. Senti-me sempre segura no local de trabalho. A empresa teve e continua a ter todas as condições de higiene e segurança para os colaboradores.

Mas queria contar o que foi para mim, pessoalmente, estar em casa todos estes dias.

Foi um misto de muita alegria e muita tristeza.

Acabei o meu terceiro livro (sim vai sair o meu terceiro livro), fiquei muito feliz quando entreguei o texto à editora para revisão, é um sonho que vou realizar. O livro está muito giro e acho que vocês vão gostar. Porque se funcionou comigo, vai funcionar convosco, de certeza.

Mas passei por um momento horrível quando perdi o meu Simão. Doeu muito e ainda dói muito estar sem o meu menino. E foi logo na altura em que estava mais tempo em casa. Estive dias em modo zombie, mas hoje e passado um mês e pouco desde a sua morte, falo muito com ele, dou beijinhos na caixa das cinzas e vejo vídeos e fotos para conseguir ultrapassar da melhor maneira possível. Foi doloroso, mas sei que foi o melhor para ele. Já não sofre mais. Vai ficar sempre comigo e no meu coração. Foi o melhor da minha vida.

Estes dias também deram para me conhecer melhor e deu para solidificar as minhas prioridades.

Vi que gosto muito de estar sozinha, que aprecio muito o silêncio. Vi que gosto de estar no meu mundo. Vi que não preciso mais do que as pessoas que já tenho na minha vida. Houve muitos telefonemas, muitas vídeo chamadas, muitas risadas via Skype e tive o apoio dos que me são mais próximos.

Preocupei-me com pessoas que por serem de risco fez com que enviasse mensagem a perguntar se estavam bem. Fui mal interpretada, não volta a acontecer. As pessoas têm que entender que nem tudo tem segundas intenções. É mesmo só bondade e preocupação.

Vi que não tenho vontade de ter um namorado. É obvio que ainda não apareceu uma pessoa que me desse a volta, mas não tenho esse pensamento neste momento da minha vida. Não me faz falta. Sinto-me muito bem como estou. Não sinto saudades do stress, nem das preocupações normais de um casal. Adoro ser independente e não dar satisfações. Mudei muito nesse aspeto. Sei muito bem viver sozinha.

Passei algum tempo a ler (depois mostro) e a ver vídeos no You Tube sobre reportagens de acontecimentos reais (Programa 60 minutos por exemplo). Comecei a fazer um puzzle, vi as notícias apenas uma vez por dia, acho que o excesso de informação principalmente contraditória e repetida faz mal à mente.

Decidi acabar 4 dos 10 objetivos que tinha para este ano, principalmente um dos mais complicados de todos que foi a remodelação dos armários da minha cozinha. Podem ver aqui, aqui, e aqui.

Comecei a fazer 5km de caminhada por dia e estou a gostar muito. Escrevi um post sobre isso.

Não alterei muito a minha alimentação, mas como tive parada mais tempo, engordei 2 kg (que já estou a tratar de os eliminar). Este vai ser sempre um grande problema na minha vida.

Destralhei muito a minha casa. Estou cada vez mais despregada de coisas.

Senti saudades das minhas colegas, das pausas do café e do convívio na hora de almoço, falei muito com elas via Skype e foi muito bom.

Fiz duas compras online com dinheiro que tinha poupado para esse efeito. Não comprei uma única peça de roupa. Vi a minha melhor amiga uma única vez e demos um abracinho daqueles. Não conseguimos resistir.

Comi iscas de vitela e soube-me pela vida (já tinha comentado que tive de voltar a comer carne de vez em quando por causa das análises à B12 e as iscas são ótimas para esse efeito).

Fiz gelinho às minhas unhas e ficou muito bem.

Fiz muitas sestas no meu sofá e adorei todas elas.

Ralhei muito com o meu pai (para ele ficar em casa) e ele fez o que bem lhe apeteceu. Chamou-me chata mais do que uma vez.

Não sei se vamos voltar ao isolamento e se os progressos que alcançámos desde o início vão retroceder, mas se sobrevivi a estes 76 dias, acho que estou pronta para mais uma fase.

Cresci muito nestes últimos meses e por um lado soube-me bem, estar sozinha.

Agradeço também a vocês desse lado que estiveram sempre comigo, não esqueço as centenas de mensagens que recebi quando o meu patudo morreu. Acho que o Simão também era um pouco vosso.

Um beijinho enorme e desculpem o testamento.

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5 COMMENTS

  • Teresa C

    Olá Mónica,
    Fico muito contente por teres acabado o teu novo livro e, desejosa de o juntar aos anteriores…
    Do Simão… recorda os bons momentos com ele, são os que interessa recordar.
    Os mais velhos ficarem em casa…. pois…. sei do que falas….por aqui é igual!…
    Força!… A vida tem de continuar…
    Bjs,
    Teresa C.

  • Leonor

    Já te sigo a muito tempo. Acho que agora vais ter tempo para ti. Infelizmente o que aconteceu ao Simão, a doença e depois o falecimento deixou te de rastos. Beijos

  • Anjo-de-Mel

    Que bom, Mónica! Revejo-me tanto no teu post, principalmente no q toca a namorado – a não sentir falta, de facto! É mesmo isso, temos q nos sentir bem na nossa pele e sozinhas antes q alguém tenha o prazer de fazer parte da nossa vida 🙂 Acho q mais depressa volto a partilhar a minha vida com um ser de quatro patas do q com um bípede 😀 Bjinhos grandes e muita força!

  • Cláudia

    Parabéns pelo novo livro =)

    Também adoro estar sozinha, mas sou casada. Ele chega e parece que põe logo tudo de pernas para o ar.
    Vai custar sempre, mas força.

    Estes dias que estive em casa também foram óptimos. Pude tratar da minha casa, como queria tratar já há algum tempo. Tudo ao pormenor, mais do que uma vez. Destralhar também o fiz e continuo apesar de não ter muita coisa.

    Beijocas

  • Lara

    Olá Mónica, sigo-a há tanto tempo que já perdi a conta, mas nunca comento, vá-se lá saber porquê. Gosto de si sem a conhecer, adoro ler os seus posts e este está delicioso. Obrigada pela partilha, por abrir o seu coração. Um beijinho e continue assim. E venha o livro!

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